Archive for the 'Uncategorized' Category

julho 28, 2010


Subia com toda a força que tinha nas pernas para tentar chegar mais rápido que pudesse lá em cima, só pra ver o que sua mente já projetava mas seus olhos queria se certificar. Viu as luzes acesas por todas as partes e eis que fica cara a cara com toda aquela orgia. A mesma que em seus pensamentos queria ter participado junto com ele, porém agora ele estava só e o via feliz… DESPERTOU! O susto de tê-lo ali despido enrabando um outro em meio a tantos corpos quentes, berros de prazer e gemidos, risos e drogas, o acordou de vez.

Levantou da cama com os olhos grudados como que com conjutivite. Lavou com água morna, passou de mão no celular e enviou mais um pedido de desculpa e “por favor, me atenda”. Ligou mais uma dúzia de vezes com aquela cena toda na cabeça sentindo seu cheiro no ar, sua mão pesada de carinho e seus braços ao redor do seu corpo.

Triste talvez saber que nunca mais possa vir a sentir tudo isto de novo… como é triste sentir demais!

PAIXÃO

julho 26, 2010


Todo dia ele abria a janela da mesma maneira. Do lado de fora, a mesma paisagem. Até que do nada, ao abrir a janela determinada manhã, ele viu algo diferente. O horizonte tinha cores mais vibrantes, seu coração disparou, a respiração ficou mais ofegante… estava de frente para algo que nunca havia sentido antes. Queria ver todo o dia. Se encantava enfim com o novo e o belo do mesmo que sempre teve, mas que parecia mais novo e belo a cada dia que abria a janela. Mas de repente, com a mesma intensidade que amou, desencantou. A ponto de querer nunca mais abrir a janela… até que enfim, se mudou dali. Foi em busca do que poderia ser uma nova imagem, um novo horizonte. Uma nova paixão. E o que dizer do que de uma hora para outra era tão tudo em sua vida e que do nada tornou-se desencanto? Sabe-se lá!


*Paixão é verbo latino (patior) que significa sofrer ou suportar uma situação dificil; é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.

marcas

junho 8, 2010

Sempre me pego viajando preocupado com o que será quando nada mais restar… quando chegar o momento em que partir. Vejo que popstar ganham especiais ano a ano, depois de anos, em momentos especiais. Gente importante tem sua imagem guardada na memória de gente que as admira. Até os ignorantes de maior projeção são lembrados ora sim, ora não. Mas e eu?

Sempre foi meu medo ser esquecido. Medo da morte eu não tenho. Tenho medo de nunca ser lembrado. Fico aqui pensando o que posso fazer para ser lembrado. Logo eu que não tenho mais mãe, pai ou avós que poderão recordar numa tarde chuvosa de minha presença em suas vidas. Eu mesmo esqueço a cada dia de suas presenças na minha. Esquecer é fácil, mas o que fazer para ser lembrado?

Tenho medo de partir e me tornar mais um. E fico aqui querendo deixar uma marca, um marco, um algo que possa mexer com a emoção de alguém quando nada mais restar; quando me for.

Este final de semana acho que descobri finalmente que nada disto realmente importa. Se eu me for, tudo bem… importa que deixe em vida as marcas, mesmo que elas nunca sejam revistas depois da minha morte.

E seu morrer amanhã, nada disto realmente terá importancia e assim acho que terei marcado alguém. E esta marca fica em cada ato que faço de bom para o meu próximo. É como uma corrente do bem, eu acho.

Unir pessoas e vê-las sorrindo pelo apoio que dei. Saber que fiz encontros… que estiquei sorrisos… assim vou ficando pouco a pouco na memória dos que possam vir a partir mais tarde, depois de mim. Eu posso ir e eles se lembrarão de mim. Não importa mesmo por quanto tempo, mas algo ficou marcado.

Triste aquele que vive pra si. Eu acho que aprendo isto a cada dia. Sou o mais feliz de todos os seres vivos porque tenho a quem abraçar com minhas memórias. E a memória nunca morre.

Este final de semana acho que marquei algumas pessoas que encontrei pelo caminho e outras que já sempre estiveram por aqui. Fiz alguém feliz. Compartilhei de um segundo de felicidade de alguém. E embora nunca tenha plantado uma árvore sequer ou mesmo escrito um parágrafo qualquer, eu marquei alguém e deixei nesta pessoa a semente que gerará lembrança… mesmo quando nada mais restar…

De repente não mais que de repente

abril 7, 2010

se.pa.rar

1. desunir o que estava ligado; estabelecer uma distância (ou aumentá-la) entre duas coisas ou grupos de coisas
* a verdadeira amizade é aquela que a lembrança não apaga, a distância não separa, a maldade não destrói.

Dói o vento que sopra lerdo pela janela do 11º andar. As cortinas nem sacolejam e eu de casaco com cola alta protegendo o pescoço cheio de marcas que se apagam por falta de cuidado; a mente gela nas lembranças que se misturam e se debatem.

Olho daqui de cima pro alto e pra baixo. Somente nuvens carregadas e o precipio. Como dói. Não é a dor da primeira vez quando sabemos que não há mais sementes que se possam ser plantadas e que toda terra foi queimada em suas dezenas de tentativas de fertilização. O que se sente é a falta… um futuro sem chave girando na porta, cachorro latindo saltitante na chegada… barulhinho bom do motor do carro estacionando na garagem lááááá embaixo… FALTA!

dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama

Tira-se o brinquedo da mão da criança. Deixa-se morrer entre os trilhos a felicidade, que hoje é uma mulher chorosa, largada e perdida numa esquina… nas esquinas do mundo!

E assim fecham-se as portas. Secam rios; mares sem onda!

Subindo a ladeira, olhei pro alto. Lá eu vi uma velha, descabelada e sorridente a olhar prum horizonte que não existe e ela insiste enxergar. E nos olhos dela pude ver que os dias passam e assim como há tempestade, há o Sol e tudo que se esconde na sombra um dia cede lugar a luz… então pude entender que o amor vive a espreita… e que a felicidade, de mãos dadas com a esperança, sabem-se realizadas e certas de que as ondas voltaram a bater forte nas pedras, a molhar areias… e tudo pode recomeçar! basta saber olhar pra trás sem tristeza e ver no futuro dias melhores que certamente virão!

Separação machuca. Mas passa. Importante é deixar sempre o acesso livre para a volta ou para se atravessar e descobrir o novo do outro lado.

Testamento

março 26, 2010

Longe de mim chorar no dia do meu aniversário, por mais pisciano que tenha me tornado ainda há um bode ariano forte e urgente dentro de mim. E da morte não tenho medo, de envelhecer… um pouco!

A vida me deu muita coisa e me tirou alguns móveis do caminho. Objetos de grande valor me foram furtados por ela, e alguns regalos foram dados ao longo desta curta e intens estrada.

Já tive amores de todas as cores e sabores. Provei de todos os frutos e liquidos. Me joguei em precipicios e fui segurado por irmãos de verdade. Alguns anéis sumiram e os dedos se feriram com os arrancos desta brincadeira de viver. Do jogo ainda sei pouco. Movo aqui e ali umas peças e me arrisco de fato. Curto o risco e o cheiro de pneu queimando o asfalto. Mas ainda está longe o cheque-mate, afinal ainda há fortes pulmões, sangue que ferve na veia e um coração que teima em pulsar com a velocidade dos meus pensamentos… às vezes mais ou menos acelerado que o cérebro.

Comprei pouco, poupei nada, aproveitei um tanto, e somei muito… hoje estou na luta por pouca subtração e um produto mais real.

Não plantei uma árvore até agora. Não escrevi nenhum livro e acho que nunca o farei. Não tive filhos, mas comprei um cão e fiz de um grande amor a base da minha familia.

Familia é meio um substantivo estranho pra mim. Eu que fugi tanto, hoje vejo em cada amigo uma parte do que seria uma grande familia.

Amar de verdade…

Tenho um grande amor. Tenho um amor animal que gosta de recostar nos meus pés e me lamber o sal da pele. E o meu coração bate forte por alguém… sempre!

Abrir janelas…

Muitas portas se fecharam. Janelas se abriram. O vento nunca deixa de correr e por mais curto que seja o corte do meu cabelo, ainda me balançam os pêlos…

A felicidade a gente aprende que é como uma tempestade. Vem arrasadora, derrubando tudo e vai discreta, suave, deixando lembranças.

E como é bom saber que há Histórias na memória e na lingua…

O que posso concluir do abstrato sentimento que é amadurecer? é saber que no balanço das horas, na trilha, sob uma chuva torrencial… seja lá em qual clima for, a verdade é que tudo nesta vida vale a pena… e se tiver que ser este meu fim que saibam todos o quanto fui feliz e quando quero repetir esta mesma vida em todas as próximas vezes que me permitirem voltar… e oh! não quero tocar de onde parei, não! quero recomeçar do zero e olhar com olhos de criança para as mesmas coisas, e como um cão em seu primeiro passeio de carro, me divertir com o vento na cara.

Obrigado. Meu muitissimo obrigado!

SAY GOOD-BYE, DUDE!

março 22, 2010

“Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone”

Engraçado que desde 2001 quando perdi minha mãe, perdi também muitos sentimentos e sentidos. Perdi o medo da morte. Perdi o prumo. Perdi o norte. Sabe quando a gente desmagnetiza e passa a acreditar que nada mais faz sentido. Me encontrei no meio de uma floresta tropical, numa clareira; sozinho. E nestas florestas todos sabemos o quanto chove. Mas foi ali que tudo fez um enorme sentido. Ali perdi o desejo pelo fim aos 40; na verdade, não importa se será aos 39, aos 40, aos 60 ou aos 110 anos, o que passou a importar é quem (ou quems!) vai estar ao meu lado na hora da despedida… ou o mais importante, como ela será!

Há duas semanas acreditei de fato que havia chegado o fim. Enquanto estava ali lutando pra não me afogar, me senti, dramaticamente, naquelas cenas cinematográficas batidas de “filminho da vida passando frente aos meus olhos”; e pensei: não tenho mais forças mas valeu cada erro e acerto vividos até aqui. E quando finalmente sai da água, um novo pensamento me roubou num susto, como um beijo de salva-vida: tenho muito ainda que repetir desta História e viver.

Imagina ter morrido ali sem poder compartilhar do prazer dos risos do Nelson; as sabedorias divertidas do Flavinho; dos abraços carinhosos do Fabricio; do afago do Willian; das orelhinhas caidas do Zé; do estalar-de-ossos do outro Zé, o Ávila; do beijo do amor; da beleza que há em cada amigo, especial e que me foi presenteado pela vida, como uma jóia rara achada no mais profundo fundo do mais profundo oceano.

Acho de fato que a morte faz parte da vida. Ela não precisa se valer da eternidade da alma pra dar razão a nossa existência, mas é bom sabe-la ali, parada, a espreita, sussurrando que há felicidade aqui. De verdade, ela dói quando finalmente convida pro seu passeio e nem mesmo a senhora memória e os livros de história ou os filmes de recordação podem compensar o vazio. Então por isso que vale a pena saber-se viva, a morte. E eu sempre tive esta proximidade mórbida com ela – que engraçado. Logo ela que me levou quase tudo. Mas quem disse que quando se vão os anéis ficam os dedos? anéis não se recuperam, dedos novamente se enfeitam. E a vida, sempre ela, cheia de Sol, me apresentou a um novo Marcos que foi se moldando nesta década, que de longe é a melhor de toda a minha vida. A minha infância madura.

Aprendi nestes dias saborear o prazer de cada novo amigo que chega. A cicatrizar todas as magoas e feridas. A recontar a minha história. A fazer o bem sem olhar a quem. Como é bom quando se pode olhar pra tras e ver remendos na sua vida. Remendar é preciso pra se viver melhor. E não se pode temer e deixar de se remendar sempre. Ninguém erra porque quer, nenhum erro é pra sempre. Vale olhos atentos por buracos e remendos, recontagens, revisões…

Eu me reviso a cada manhã. E sinto que ainda que não vá longe esta vida, é somente com esta que posso contar. A morte está a espreita, sem sofrimento, sem tristeza, mas é bom que ela saiba que tenho ainda muito o que contar… então melhor ela mesma se pôr sentada e aguardar quientinha ali… afinal, como minha avó dizia: “de pé cansa!”

“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo do dia que passou
Mas tenho muito tempo
Para acabar com essa indecisão
Espero sinceridade e perigo

Todos os dias tento chegar em algum lugar
Só pra depois dizer que não quero ficar lá
Não é coincidência
Essa minha indiferença
É que está me faltando motivo
Responsabilidade me deixa sem saber
Qual é a interferência
Ou como deve ser

Todos os dias quando eu deito pra dormir
Fico pensando em todas as coisas que eu não fiz
Só não penso no futuro
Sempre com uma leve preocupação
Se não lembrar qual foi o aviso

Todos os dias quando eu tento esquecer
Todas as coisas que eu não quero mais fazer
É só inconsequência
O tempo continua com a oscilação
E eu não consigo ficar indeciso
Pontos de referência
Perdi meu referencial
E quase como sempre não foi proposital”

***

34

março 12, 2010


Trinta e quatro é o número natural, que segue o 33 e precede o 35, e composto que tem os seguintes fatores próprios: 1, 2 e 17. Como a soma dos seus fatores é 20 < 34, trata-se de um número deficiente, ou seja, a soma dos seus divisores próprios é menor do que ele mesmo. É também o nono termo da sequência de Fibonacci, depois do 21 e antes do 55.

Na matemática, os Números de Fibonacci são uma sequência definida como recursiva pela fórmula abaixo:

Na prática: você começa com 0 e 1, e então produz o próximo número de Fibonacci somando os dois anteriores para formar o próximo. Os primeiros Números de Fibonacci para n = 0, 1,… são 0,1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610, 987, 1597, 2584, 4181, 6765, 10946…
Esta sequência foi descrita primeiramente por Leonardo de Pisa, também conhecido como Fibonacci (Dc. 1200), para descrever o crescimento de uma população de coelhos.

Trinta e quatro pode ser escrito de quatro formas distintas com a soma de dois números primos:

É também o número atômico do selênio (Se) e está presente na pintura Melencolia de Albrecht Dürer (1471-1528) por meio do chamado quadrado mágico (grade com a série de números de 1 a 16 cuja soma das partes em linhas horizontais e verticais resulta em 34).

No Salmo 34, Davi, quando mudou o seu semblante perante Abimeleque, e o expulsou, promete louvar o Senhor em todo o tempo, mantendo-o continuamente na sua boca.

Eu nasci em 26 de março de 1976 e sempre fui cercado por números. 0 13 sempre foi o mais presente, tanto que nem sei por quanto tempo, mas por muitos anos fui o 13º nas salas escolares. Fui o 1º neto da 1ª filha dos meus avós. Aos 14 tive minha primeira experiência sexual com homens; um tio. E só aos 16 experimentei a delicadeza feminina, e aos 18 optei pelo meu desejo e por quem eu era de verdade.

Nasci em pleno regime militar no Brasil e no meio do tumultuado anos 1970. Em 1976 Steve Jobs chegava ao mercado com a sua Apple, talvez o que justifique minha paixão. E por mais que pareça mentira, foi em 1º de abril. E lá pra quase o finalzinho do ano dois contrapontos históricos: Jimmy Carter levava seu partido democrata para a Casa Branca e Fidel assumia Cuba de vez. E Zuzu Angel partia…

Acho que nunca um número me incomodou tanto quanto o 34. Talvez porque me deixe mais perto dos 40 e isto alarme em mim um grande sentimento de tarefas ainda não cumpridas. Tudo que sempre quis ter ainda não tenho, e os sonhos já não são tão possíveis assim. Mas ainda existe dentro do meu peito um espírito adolescente, radical, uma força que quer explodir… um desejo de tudo.

Hoje sou mais pisciano que ariano. Talvez nunca tenha sido um ariano pleno. Afinal sempre me tocou a injustiça, a indiferença, as tristezas do conjunto. De certo nunca fui um anarquista, comunista, socialista… como um filho da Geração X sempre me agradou o poder do dinheiro, sempre quis uma fatia do bolo e o mundo sempre teve cores mais frias e reais… mas dentro do peito este dragão sempre quis incendiar o mundo, se aventurar… e me joguei! Perdi coroas, terrenos, heranças e ganhei fortunas incalculáveis… não se pode contar o que vem abstrato.

Aos 34 talvez quisesse ter ainda o cheiro da minha mãe ao redor, o colo quente da minha avó, as doces caricias das minhas tias e uma mesa grande repleta de guloseimas e alegrias… quis a vida, ou eu, ou os dois que a minha história fosse contada em memórias, em citações… em flashbacks.

Aos 10, 15, 25 e 29 anos sempre vi o 40 como o fim da estrada. Como meta. E isto me fez acelerar, pisar fundo, torrar todo o combustível para não perder um só segundo do tempo que escorria entre os dedos como areia fina. Corri demais e cheguei aqui, aos 34. E agora? As portas ainda estão abertas: qual seguir?

Faltam 14 dias para 34 e sem crise alguma me coloco a esperar, diferente de nunca, esperar na luta… uma luta ainda justa contra o que o tempo teima em levar: o desejo de ser maior que meus sonhos, do tamanho de tudo que sonhei.