Archive for novembro, 2009

Algumas das Melhores Coisas da Vida!

novembro 22, 2009

Se apaixonar. Rir até o rosto doer. Um banho quente. Um supermercado sem filas. Um olhar especial. Receber cartas. Escutar sua música preferida no rádio. Uma boa conversa. Pegar uma boa praia. Ser recebido pelo seu cachorro de rabo abanando freneticamente, linguão estendido e muitas lambidas de saudade. Achar uma nota de R$50,00 no bolso daquela calça que não usa mais. Rir de você mesmo… muitissimo! Ter alguém para te dizer que você é bonito. Os amigos. Ouvir acidentalmente alguém falar BEM de você. Acordar e perceber que ainda faltam algumas horas para dormir. Fazer novos amigos, e manter os velhos juntinho. Conversar a noite com seu colega de quarto. Alguém brincar com seus cabelos. Bons sonhos. Olhar pro lado a noite e ver quem se ama ali, em silêncio e entre sonhos profundos. Viajens com os amigos. Ganhar um jogo difícil. Encontrar com um velho amigo, e descobrir que tem coisas que nunca mudam. Descobrir que o amor é eterno e incondicional. Abraçar a pessoa que você ama.

Olhar-se no espelho e ver que dentro de seus olhos existe o mesmo brilho de um nascer do Sol.

Eu sou Clark Kent

novembro 13, 2009

i-ckQuando criança eu sempre sonhei ser um super-herói. Os físicos definidos e fortes, os poderes mais extraordinários, a capacidade de resolver qualquer problema e vencer mesmo diante da criptonita… os heróis quase imortais sempre me pareceram especialmente divinos. Talvez por já me sentir gay e achar que assim seria uma maneira de fugir de qualquer coisa que pudesse me impedir de ser feliz e seguir em frente. Mas sou mortal e assim o serei até o fim; não vim com nenhum x-poder. Imortalidade também seria algo precioso, mas pensar num futuro eterno seria tedioso. E Homens como eu detestam o tédio.

Se nos sonhos eu sabia voar, na vida real meus pés, embora forçados pela gravidade não desgrudassem do solo, viviam na Lua, em Marte – quem sabe bem além deste Universo. E com isto, coisas do cotidiano nunca me foram fáceis.

Nunca fui um gênio e nem um menino do tipo a frente dos outros. Pelo contrário, sou e sempre fui um comum, menos que comum, um menino esquisito que aprendeu a se equilibrar em cima de uma bicicleta aos 12 anos. Até os 15 anos mal sabia dar um laço no sapato; com 14 beijei pela primeira vez os dois gêneros (meu tio, cunhado da minha mãe, e a menina mais linda da rua, a qual mordi com tanta vergonha e força seu lábio inferior que me tornei o seu eterno desafeto. E verdade seja dita, não tinha bom gosto, a linda era uma baranga, e ficou pior com o tempo. Como o tempo pode ser cruel!). Aos 18 acabei o segundo grau e aos 29 comecei a primeira faculdade – que nunca terminei!

Só aos 19 fiz minha primeira viagem aérea, mas foi direto para o Hawaii. Aos 25 perdi minha mãe, acho que foi a coisa mais precoce que tenho em minha biografia; nesta época estava dentro de um casamento gay complicado. E será que já descobri o sabor tutifruti do amor?

Hoje aos 33 anos me sinto como no primeiro dia que subi numa bike: nervoso, desequilibrado e medroso. Estou aprendendo a dirigir, sim, muito tarde! A cada aula a sensação que tenho é que nunca aprenderei. Cada novo dia parece que desaprendo tudo que aprendi no anterior. Um sacrificio maior que dar o primeiro passo quando se é um bebê gordinho – eu fui!

A vida tem umas coisas engraçadas. Nunca tive nada cedo no meu caminho ao sucesso, mas o pouco que consegui me veio como que um prêmio. Será que ai está a graça da vida: ser um Clark Kent e não um Superman?

Alice através do espelho

novembro 8, 2009

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“Criança pura, de olhar despreocupado
E o rosto sonhador das maravilhas!
Embora o tempo seja rápido e suas trilhas
Por meia vida nos tenham separado,
Teu sorriso contente saudará as baladas
No dom de amor deste conto de fadas

Teu rosto radiante não vi nem verei,
Nem hei de escutar teu riso argentino:
Jamais pensarás do autor no destino.
Em tua juventude lugar não terei.
Mas basta que agora escutes as baladas
Singelas, contidas em meu conto de fadas.

Num tempo distante ocorreu esta história,
Quando o sol de verão brilhava feliz.
Um toque de sino que agora nos diz,
Num ritmo leve, que traz à memória
Os ecos da infância e faz relembrar
O que a inveja da idade preferia apagar!

Escuta-me agora, pois a voz do pavor
De notícias amargas virá carregada;
Em breve a teu leito será convocada
A mulher melancólia do luto e temor.
A hora do leito é como o fim da vida:
Somos apenas crianças mais velhas, querida.

Há geada lá fora, há neve cegante,
Os caprichos do vento, a feroz tempestade;
Mas no ninho infantil, em que a felicidade
Se aquece à lareira de luz crepitante
Tua atenção será presa pelas palavras mágicas
E não hás de temer as rajadas mais trágicas.

Se enfim a sombra esquiva de um suspiro
Profundo tremular ao longo da história,
Dos dias de verão pela perdida glória,
Pelo feliz fulgor que te alegrou o mundo,
Não poderá afetar, com tristezas aladas,
A alegria e o frescor deste contos de fadas.”

(Lewis Carol)

Espelho

novembro 8, 2009

alice-espelho
Olho a felicidade dos outros e como em uma foto-montagem fico buscando colar meu rosto ali, para assim me ver naquele espaço, naquele mundo… sendo também igual, um pouco mais feliz.

Sei que há dias em que o espelho pode ser o principal inimigo… momentos em que o reflexo em qualquer superficie nos coloca no lugar que achamos que deveriamos estar, embora queremos mais.

Entre recordes de realidades alheias e colagens da minha própria figura nos mundos dos outros, eu ainda imagino que sendo o outro possa existe ainda assim a insatisfação em mim, pois estando do outro lado talvez ainda anseie querer ser outro que neste momento sou eu mesmo, e não me aceito.

*

Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

Como não contei à minha mãe

novembro 7, 2009

brincarTudo tinha acabado, tanto tempo a partilhar a minha vida com
alguém para acabar assim, era difícil de acreditar.
Estava sentada no chão a chorar quando a minha mãe entrou no
meu quarto e sentou-se do meu lado sem nada dizer, esperava que eu
lhe dissesse o que se estaria a passar.
– Eu ainda não estou pronta, eu não consigo contar-te. –
Lamentava a minha falta de coragem, afinal ela era a única pessoa que
receava que me rejeitasse.
– Mas eu já sei, querida.
– Já sabes? Como assim?
– Tu e a tua namorada acabaram.
Não fui capaz de dizer mais nada, encostei a minha cabeça no seu
ombro e deixei que dos meus olhos corressem todas as lágrimas que
teriam de cair, não valia a pena sequer secá-las, logo a seguir viriam
muitas mais, tinha acabado de libertar-me do meu maior medo.
Passaram vários minutos, talvez horas, ou talvez, nas melhores das
hipóteses, o tempo tinha mesmo acabado de parar e a minha Mãe
acabou por falar:
– És a minha filha e eu amo-te acima de tudo, eu sempre te disse
que a única coisa importante para alcançar nesta vida era a felicidade,
não foi?
Consenti e ela continuou:
– E eu só quero que sejas feliz, independentemente dos caminhos
que escolhas, orgulho-me tanto de ti e basta olhares em teu redor,
tantos homossexuais que se assumem e conseguem ser felizes. Tu não
serás diferente, és a minha pequena lutadora e conseguirás tudo aquilo
que quiseres. Sempre que falhares e caíres, eu estarei aqui para te
apoiar, sempre.
Não foram poucas as vezes que tentei falar, mas as palavras de
pura gratidão que brotavam do meu coração, acabaram todas por
morrer nos meus lábios, depois de ouvir da pessoa que mais amo, que
me aceita tal como sou, o que haveria ainda por dizer?
Isto que vos conto não é ficção, é somente a verdade, tenho
imensa sorte, mesmo sem nunca ter dito fosse o que fosse sobre o
facto de ser lésbica, a minha mãe sabia-o melhor do que ninguém.
Muito me escondi e repugnei tudo o que era natural em mim, o
Amor é um sentimento e pertence a todos, sejam quais forem as suas
características!
Aberração? A quem me chama isso só tenho uma coisa a dizer: “O
monstro que vês em mim não passa de um reflexo teu!”
Vivam, amem, sejam felizes que isso, na realidade das coisas, é a
única coisa que realmente interessa.

Minha avó dizia…

novembro 6, 2009

…quando sair não tome vento; tome cuidado com o tempo… não corra muito; não deixe que te machuquem e nem pise no pé de ninguém, mesmo que seja necessário. Sorria sob a tempestade e vislumbre a poesia que existe por trás de um pôr do Sol…
vovozinha

Qual o segredo?

novembro 6, 2009

porta1
Queria descobrir um caminho novo para fazer tudo de novo; diferente.

Dizem que ultrapassando aquela porta ali em frente se chega modificado e pode-se, por um piscar único de olhos, se refazer, se reinventar. Acho que preciso conseguir esta passagem, me redesenhar.

Cansei deste meu velho rascunho e quero me animar para continuar vivo… não só fisicamente, como na alma. Pessoas morrem cedo sem nem perceber, e continuam por ai. Eu não quero ser assim… quero contar meus passos com felicidades medidas e proporcionalmente equilibradas com as tristezas. Quero ser mais do que sou, ter mais do que tenho e poder compartilhar. Amigos, quero todos os melhores. Seleciona numa lista uns 10 e manda pra cá.

Vou arrumar as malas e fazer a minha viagem. Está na hora. Tento não pensar em nada e só dedilho isto aqui, num processo terapeutico de resolver com palavras todas as minhas dúvidas, tristezas e sonhando que quando algum dia alguém, em qualquer momento, colocar os olhos nisto vai me ligar e dizer que está pronto para me dizer qual o segredo.

Qual o segredo?